Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura também lá
estás. Salmo 139:8
Ernest Gordon, que narrou a história do milagre às margens do rio Kwai, fez sua
cama no inferno. Já sofrendo de disenteria, malária, infecção sanguínea e
beribéri, contraiu também difteria, o que significava que não podia mais
trabalhar na estrada de ferro. Gordon foi enviado para a Casa da Morte, apelido
que o terrível hospital do campo de concentração recebeu. Localizado num oceano
de lama no ponto mais baixo do campo, o “hospital” estava repleto de centenas
de homens à beira da morte, cobertos da cabeça aos pés de moscas, percevejos e
piolhos. Parecia mais um cemitério fétido de seres humanos desesperados em
estado de putrefação.
Alguns amigos o procuraram, o encontraram entre os corpos em deterioração e o
carregaram numa maca para uma pequena cabana que haviam construído. Banharam-no,
limparam as feridas de suas pernas e fizeram-lhe curativos. Prepararam comida
para ele e lhe aplicaram massagens. Pouco a pouco, a sensibilidade dos membros
de Gordon começou a voltar. Contrariando todas as expectativas, ele sobreviveu.
Essa demonstração de compaixão fez parte de um fenômeno muito mais amplo que
ocorreu no campo de concentração. O que estava acontecendo em Chungkai? Algumas
histórias começaram a circular sobre soldados tementes a Jesus Cristo que
haviam sacrificado a vida em atos de abnegação, heroísmo, fé e amor. Ouviu-se,
por exemplo, a respeito de um homem grande e forte que de repente desmaiou e
morreu de fome porque havia dado suas porções de comida para um amigo doente,
que se recuperou. Outro soldado assumiu a culpa do sumiço de uma pá e foi
espancado até a morte. (Naquela noite, ao serem contadas as ferramentas, não
faltava nenhuma.) E muitos outros relatos assim.
Essas demonstrações da graça contagiaram o campo. Os prisioneiros trocaram a
lei da selva pela lei de Cristo. Começaram a ajudar uns aos outros. Começaram a
confeccionar braços e pernas artificiais, a preparar remédios com as plantas
medicinais da selva. Passaram a realizar funerais em vez de queimar os mortos
empilhados uns sobre os outros. Construíram uma capela, faziam cultos e
realizavam batismos. Deram início a uma universidade na selva e frequentavam às
aulas. Formaram uma orquestra. Voltaram a sorrir, a dar risada e a cantar.
Ernest Gordon se tornou cristão. Ao fim da guerra, estudou teologia e, mais
tarde, se tornou o capelão da Universidade de Princeton. Grande é o poder do
pecado, mas a graça é ainda mais poderosa.
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